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terça-feira, 15 de novembro de 2011

CARNAVAL

Segunda feira de Carnaval. Manhã nublada. Caminho pela praia, acompanhado da minha família. Peço licença para ficar num determinado ponto do calçadão, enquanto os demais continuam seu exercício matinal, para ler um livro, aproveitando a tranqüilidade do ambiente – poucos são os foliões que se atrevem a acordar cedo durante o período de festas carnais.

Em meio a minha leitura, dois rapazes que estavam a caminhar também param próximos para um breve descanso entremeado de uma rotina de práticas de alongamento. A conversa entre os dois se desenrola da seguinte forma:

A – Viu os desfiles ontem?
B – Nada! Já tô meio cansado dessa rotina de carnaval. É tudo a mesma coisa, todo o ano!
A – Eu também não. Prefiro assistir uns filmes ou procurar outras coisas para fazer.
B – Mas te digo uma coisa: a apuração eu assisto amarradão. Faço até pipoca!
A – Pois é rapaz! Também acho que a maior emoção do carnaval hoje em dia é a apuração. O locutor sabendo que a maioria tá torcendo pela Mangueira dá aquele grito: “Maaaangueira: 10, nooota 10!”.
B – E o pior é que quando grita: “9, nooota 9” já vem aquele xingamento: “Filho disso, filho daquilo” como se ele fosse o culpado!

Nesse momento me desliguei da conversa, mas passei a avaliar as palavras que tinha acabado de ouvir. A evolução do Carnaval enquanto produto turístico há muito já é criticada por ter perdido suas raízes. Mas aí estamos falando apenas de um dos aspectos dos festejos, que é o desfile das escolas de samba. Reconhecidamente o ponto alto, mas não apenas único dos dias em que o povo se entrega à alegria de cantar e confraternizar com os amigos.

Devo dizer que eu, particularmente, não sou muito chegado ao Carnaval. Prefiro aproveitar esses dias para descansar, atualizar minha leitura, escrever, ver filmes, etc, ou seja, me desligar um pouco da rotina pesada que vivemos no dia a dia normal de trabalho. Porém respeito aqueles que gostam do sacolejo e do balacobaco, afinal, cada um descansa do jeito que quer, e se alguns preferem percorrer o circuito de blocos durante o dia, pulando e cantando debaixo do sol, para depois passar a noite inteira acordados no Sambódromo, é porque estão com disposição para tanto.

De toda forma, pelo menos por duas vezes, durante este período, sou obrigado a me curvar às circunstâncias: na matinê anual – chamo de anual porque, ainda bem, é apenas 1 vez por ano – e na apuração - na qual devo concordar com os dois rapazes acima, é um momento singular de expressões e performance dos dirigentes das escolas, que se não bastasse a emoção própria daquela ocasião, se contorcem conscientes, nessa era das celebridades instantâneas, das câmeras de televisão ali presentes.

Com relação à matinê, este ano cheguei à conclusão sobre os perfis predominantes entre seus participantes: os pais participantes compulsórios, em sua maioria se reservam o direito de ficar instalados nas mesas ao redor do salão, perguntando-se o que estão fazendo ali; as mães se esbaldam ao som da banda contratada, que canta não somente os sambas, mas também as músicas típicas do Carnaval baiano, e assim elas têm a oportunidade de relembrar momentos passados ou até mesmo não vividos; e as crianças estão mais preocupadas em juntar os confetes e serpentinas, para jogar umas nas outras, e a consumir o que for servido de tempos em tempos, quando param estrategicamente para repensar a estratégia a fim de atingir o próximo alvo. É claro que existem exceções, mas a fauna característica é essa, e tenho dito!

Voltando à apuração, é impressionante como todos falam que o seu desfile foi lindo, maravilhoso, e que este ano não tem para ninguém. Logo depois descobrem que os jurados observaram aquela fantasia que estava meio rasgada; a evolução prejudicada, gerando buracos na escola; o mestre-sala e a porta-bandeira que não se apresentaram condignamente representando o pavilhão da escola; etc. Uma diferença de 0,5 ponto dá a vitória para uma ou outra escola, e a Portela fica mais um ano sem ganhar, mesmo assim permanecendo como a maior vencedora do Carnaval carioca! Evoé, Momo, está na hora de Morfeu assumir o seu lugar!

3 comentários:

  1. Confesso. Ao longo da leitura, atentei dessa vez não para o texto em si, mas para o tom, bem mais leve do que os demais que você escreve, dessa vez algo compatível com o clima que você diz vivenciar durante o período do carnaval.

    por sinal, escrever sobre o carnaval logo agora, às vésperas ainda do natal e do ano novo, não deixa de ser curioso.

    É isso aí mon ami. Au revoir!

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  2. Olá,Leopoldo. Sou seu colega láde Marcas, o Thiago. Estou gostando do seu blog,li inclusive o post mais recente - e confesso, ganhei 'A Cabana' no natal retrasado,dei uma rápida olhada e não li,porque não consigo me interessar pela temática que, no fim das contas, é cristã demais para um ateu ex-evangélico (quem me deu não levou em conta meus gostos, deu porque era a onda do momento). O deus judaico-cristão (especialmente o cristão, pela invenção do inferno) não me transmite nenhum apreço porperdão e tolerância. Mas esta é apenas minha posição, respeito e tenho amigos cristãos e de outras crenças (minha mulher, inclusive, é judia).
    ps.: também tenho um blog

    Abraço

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  3. Ah, e gosto de assistir aos desfiles de escola de samba, é a coisa mais carnavalesca que faço nos carnavais...

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