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quinta-feira, 28 de abril de 2011

MANIFESTO PELA CONSTRUÇÃO DO HOMEM

Passamos tempos demais nos questionando
Nos perguntando
Nos maldizendo
Praguejando
Mas o que fazendo?

Passamos tempo demais olhando
De maneira enviesada
O que não aceitamos
Mas o que verdadeiramente fazemos?

Passamos tempo demais
De mais a mais
Buscando alternativas
Opções
Mas não fazendo!

Pergunto-lhes
O que é o homem então?
Um ser em construção?
Ou um gesto? Uma ação?

Construir é o verbo
Agir é o conceito
Trabalhar sobre o homem
A mente do homem
Do homem que não mente!

Do homem que enxerga
Que fazer o que se propõe
Nada mais é que a obrigação
Do homem em construção!

Algumas vezes
O homem precisa de auxílio
Outras vezes
Exílio
Para que possa compreender
Que é um homem de ação
Em que pese em construção!

Mas chega um momento
Que pensar
Que pesar
Que ensimesmar
De nada adianta.

Pois pelo adiantado da hora
É hora de construir
De apresentar
De nascer
De se fazer notar
O homem que existe em você!

Chega de choramingar
Chega de queixas
Basta! Construa-se! Seja!

quinta-feira, 21 de abril de 2011

POR QUE EU AMO TANTO ESPORTES?

Há alguns meses uma conhecida jornalista me perguntou se eu adoro futebol. Ok, não foi uma pergunta, foi uma afirmação. Ela falou: “Você gosta muito de futebol, não é?”. Eu respondi que gostava, mas como aquela colocação se deu por conta dos posts, tive que retrucar relembrando que o Leopideas tratava de outros assuntos também.

Além do mais, eu não gosto apenas de futebol. Gosto de todos os esportes em geral. Os esportes estão para a minha vida como uma filosofia. Com eles eu consigo alcançar exemplos de conduta para todas as áreas do meu dia-a-dia. Por isso que normalmente meus textos estão entremeados de citações que têm como referência os esportes. Paulo Coelho, numa entrevista ao canal Sportv, no final do ano passado, afirmou: - “Esportes são a coisa mais importante do mundo”.

Os esportes nos ensinam o respeito ao próximo, a sermos disciplinados, a saber trabalhar em equipe, a saber identificar qualidades e defeitos, a dar a volta por cima, que a vida nos dá inúmeras oportunidades, etc, etc, etc. Eu teria um rosário sem fim de todas as lições que aprendi acompanhando a vida esportiva, presenciando grandes gestos de ídolos de gerações, ou testemunhando ações mesquinhas daqueles que não viam nada mais adiante que não fosse a vitória e os seus desdobramentos financeiros e de poder.

Porém, como eu aprecio mais os grandes gestos, vou apresentar para vocês duas boas histórias das quais tive conhecimento recentemente por intermédio de documentários esportivos. A primeira trata-se do impacto da Guerra dos Balcãs, no início dos anos 90, sobre a vida daqueles povos que viviam na antiga Iugoslávia. Esta encontra-se retratada no documentário da ESPN “Once Brothers” (2010).

Aquele país tinha uma das melhores equipes de basquete do mundo então. Foram campeões mundiais na Argentina, em 1990, tendo como destaques um sérvio e um croata, respectivamente, Vlad Divac e Drazen Petrovic. Divac era um ala-pivô de grande talento, enquanto Petrovic era o cérebro, o armador daquela equipe. Eles eram como irmãos, dividiam quarto, e pouco se importavam com suas respectivas nacionalidades. Porém, quando a intolerância racial emergiu na Iugoslávia, uma divisão foi semeada naquela grande equipe, que tinha em sua maioria jogadores da Croácia.

Divac pouco se importava com a guerra. Ele se entendia iugoslavo e pronto. Porém uma cena ao final do supracitado campeonato mundial fez com que nada fosse mais o mesmo. Um simpatizante croata invadiu a quadra com a bandeira nacional da Croácia. Vlad Divac entendia que aquele não era o momento para uma manifestação política e o expulsou de quadra. Isso não foi bem visto pelos demais jogadores de origem croata, inclusive pelo seu grande amigo até então, Drazen Petrovic.

O clima estava por demais tenso na Iugoslávia, os jogadores recebiam notícias aterradoras do que estava acontecendo nos Balcãs, porém eles estavam distantes, lutando para abrir espaço para os jogadores europeus na Liga Profissional Norte-Americana – NBA (sigla para o original em Inglês para National Basketball Association). Enquanto Petrovic tinha mais dificuldades, até então contava com o apoio de Divac, que vinha obtendo sucesso no Los Angeles Lakers de Magic Johnson, ambos – Drazen e Vlad – mantendo contatos telefônicos quase diários. Tal conexão foi cortada após o episódio do Mundial da Argentina. O próprio Divac afirma no documentário: - To build a friendship takes so much time and so many years (…). To ruin it, just seconds”.

Divac e Petrovic tentando a sorte na NBA.

Infelizmente eles não tiveram a oportunidade de reatar o antigo relacionamento. Petrovic viria a falecer num acidente automobilístico na Alemanha, em 1993, quando se preparava para atuar pela já separada Croácia, e Divac somente voltou a solo croata para reencontrar a família do amigo e visitar seu túmulo quase 20 anos depois. Vidas interrompidas sem ter a possibilidade de uma reconciliação por conta de um ódio idiota semeado externamente à amizade cultivada por anos, tudo isso por questões raciais e pela violência da guerra. Será que isso não tem algo a nos ensinar? Será que não devemos saber ouvir os outros, a perdoar, a olhar para o amigo com condescendência em função de toda uma trajetória pregressa?

A outra história é de um dos maiores treinadores de basquete colegial dos Estados Unidos: Bob Hurley. Ele dirige o time do St. Anthony, um colégio instalado em comunidades carentes. Sendo um treinador de grande sucesso recebeu inúmeras propostas para atuar em Universidades e times da NBA, com valores astronômicos. Mas ele jamais aceitou. Por que? Ele entende que tem uma missão maior, que é a de preparar aqueles garotos para a vida.

Bob Hurley

Ao ver as imagens do documentário “The Streets Stop Here!” (2009) – lema do St. Anthony – observamos um treinador duro, que não deixa de usar palavras pesadas em relação aos seus jovens jogadores, punindo-os quando necessário para que aprendam lições de respeito aos mais velhos, de disciplina, de humildade. Certa vez, contra um dos melhores times do campeonato, que contava nada mais nada menos do que com o grande astro de hoje da NBA, Kobe Bryant, ele tirou todos os seus melhores jogadores, deixou-os no banco, para demonstrar a capacidade que os então considerados reservas tinham de superar as adversidades. Pois a equipe dele venceu, e mais um ensinamento estava dado, o da humildade.

Ele mesmo, do alto dos seus 62 anos e 25 títulos estaduais conquistados, afirma no documentário que acha que nenhum de seus alunos deve achá-lo o professor mais dócil e amigo do mundo, mas ele está fazendo o que acha que é certo para que eles cresçam como homens e cidadãos. As declarações daqueles adolescentes, de respeito, a ponto de se aconselharem com o mestre sobre o rumo futuro de suas vidas, são comoventes. E assim, cena após cena, nós vamos aprendendo a como ser pessoas íntegras em nossas vidas. O próprio Bob Hurley, em recente entrevista, afirma:

Sometimes the older you get there can be a disconnect with either the kids you are coaching or with society.  I am certainly at the age now of a grandfather but I don't have any grandfatherly tendencies except with my grandchildren. I still have the same fire. I understand backgrounds of kids. The kids understand that I know who they are. I don't coach No. 11, I coach the person who is inside that uniform. The kids know that you care about them. I am urging them all the time to be better in school, stay away from the negative influences where they live. You play the game as long as you can but when you put the ball down you begin your other life. In urban areas, a lot of times there isn't a Plan B and if basketball doesn't work out the guy is just out of luck.

Enfim, é como diz o lema da NBA – “I love this game”! Viram, o mais impressionante é que eu não falei em nenhum momento sobre futebol neste post. É, eu realmente tendo a concordar com o Paulo Coelho.

Fontes – acessadas em 08 de Janeiro de 2011:


quinta-feira, 14 de abril de 2011

ÁGAPE

Fui presenteado em meu último aniversário com o livro “Ágape”, escrito pelo Padre Marcelo Rossi e publicado pela Editora Globo em 2010. Em suas 125 páginas o pároco, que ficou conhecido por sua capacidade de evangelização via penetração da mídia, apresenta suas idéias sobre os principais pontos presentes no Evangelho escrito por São João. Ao final de cada capítulo complementa ainda com uma oração específica para o tema abordado.

Aqui cabe uma explicação para os menos afeitos aos escritos da Igreja Católica: os Evangelhos são textos escritos a múltiplas mãos:

A palavra Evangelho significa boa nova ou boa mensagem. Este termo designa os quatro primeiros livros do Novo Testamento que relatam a vida e os ensinamentos do encarnado Filho de Deus, Nosso Senhor Jesus Cristo - tudo o que fez para estabelecer uma vida reta e justa na terra e para salvar a humanidade pecadora. (...) o evangelho de São Mateus foi escrito primeiro e no máximo 50-60 anos depois do nascimento de Cristo. O evangelho de São Marcos e São Lucas foram escritos mais tarde, mas certamente antes da destruição de Jerusalém, ou seja, antes de 70 A.D. São João o Teólogo escreveu o seu evangelho depois dos outros e muito provavelmente no final do primeiro século, quando estava com mais de 90 anos. Algum tempo antes ele escreveu o Apocalipse ou o Livro da Revelação. Os Atos dos Apóstolos foram escritos logo após o evangelho de São Lucas e como indicado no prefácio, servem como continuação do evangelho de São Lucas. 
Fonte: http://www.fatheralexander.org/booklets/portuguese/bible6_p.htm - acessado em 20 de Fevereiro de 2011.

Feito este esclarecimento posso passar a como o livro me tocou e à qualidade de seu propósito – se foi ou não atingido. Em tempos os quais temos diversas dúvidas sobre como proceder em situações duvidosas, a doutrina Católica representa um refúgio e uma orientação para muitos. Eu mesmo tenho tido a oportunidade de manter contato mais próximo com diversos textos nessa linha, e posso dizer que muito do que hoje se proclama o mercado da “auto-ajuda” tem base nos preceitos construídos pelos religiosos.

Deve-se ressaltar, porém, que isto não é uma exclusividade da Igreja Católica. A maioria esmagadora das religiões segue princípios muito próximos, que pregam o amor e a ajuda ao próximo como as bases para um mundo melhor. Padre Marcelo Rossi em sua obra tenta justamente ressaltar tal ponto e o faz não somente com orações, mas também com exemplos e apresentação de histórias verídicas que reforçam esta postura. Um dos principais ensinamentos é que amar é uma ação, geradora do amor. Pode até parecer óbvio, mas não é. Amar uns aos outros, mesmo aos seus inimigos, é uma demonstração de fé na humanidade sem limites. Agradeço a outro pároco, Padre Marcelo Schelles, da Igreja de Nossa Senhora das Dores, no Ingá, por este esclarecimento. Em uma recente homilia este colocou claramente que ao pregar tal ato de bondade para com o outro, o ser humano é impingido a sair da posição cômoda de amar apenas aos seus para buscar a redenção dos seus inimigos. Somente trabalhando para que eles vejam o lado bom da vida será possível transformá-los como pessoas, aproximando-os do que consideramos ser o melhor para estabelecer o relacionamento forte, ético e altruísta entre todos.

Voltando ao livro em si, com esta filosofia em mente Padre Marcelo Rossi vai construindo o seu discurso e tocando os corações de todos, principalmente aqueles ansiosos por uma orientação para dar um rumo na própria vida. Ele apresenta seus pensamentos de maneira esquemática, simples até, para atuar sobre todo o tipo de leitor, tal qual um padre e seus sermões.

Hoje tenho certeza que muitas obras estão à frente, e espero eu estar em condições de conduzi-las. Apresento-os abaixo, então, um trecho do livro, na verdade, a transcrição de um poema da paz recitado por Madre Teresa de Calcutá, o qual foi citado pelo autor como exemplo de que o “objetivo tem de ser o cuidado, o respeito, a caridade com quem mais precisa” (pág. 20) e enaltecido pela minha mãe, que me chamou atenção para o mesmo. E lembre-se, muitas vezes a pessoa que mais precisa pode ser você mesmo:

“O dia mais belo? Hoje
A coisa mais fácil? Equivocar-se
O obstáculo maior? O medo
O erro maior? Abandonar-se
A raiz de todos os males? O egoísmo
A distração mais bela? O trabalho
A pior derrota? O desalento
Os melhores professores? As crianças
A primeira necessidade? Comunicar-se
O que mais faz feliz? Ser útil aos demais
O mistério maior? A morte
O pior defeito? O mau humor
A coisa mais perigosa? A mentira
O sentimento pior? O rancor
O presente mais belo? O perdão
O mais imprescindível? O lar
A estrada mais rápida? O caminho correto
A sensação mais grata? A paz interior
O resguardo mais eficaz? O sorriso
O melhor remédio? O otimismo
A maior satisfação? O dever cumprido
A força mais potente do mundo? A fé
As pessoas mais necessárias? Os pais
A coisa mais bela de todas? O amor.”

quinta-feira, 7 de abril de 2011

F1 2011

Estamos novamente num início de temporada da Fórmula 1 (F1), categoria que para muitos perdeu sua razão de ser após o falecimento do ídolo Ayrton Senna. Em que pese o baque ter sido gigantesco, não sou partidário de tal sentimento. Acredito – e posso levar pedradas de tudo quanto é lado por esta minha opinião – que Felipe Massa tem um potencial enorme para ser campeão mundial – como o quase foi em 2008, naquela emocionante prova em Interlagos, em que ganhou, mas não levou, em função da ultrapassagem do piloto inglês Lewis Hamilton, da MacLaren, sobre o alemão Timo Glock na última volta.

Acreditar no Massa, e de maneira mais genérica, ter um ídolo, é atributo essencial para motivar alguém ou todo um povo a acompanhar determinada modalidade esportiva. Temos outros exemplos de tal faceta aqui mesmo no Brasil, quando na época do Guga todos nos transformamos em especialistas no tênis, e mais recentemente o fenômeno César Cielo, que leva a muitos acompanharem as provas de velocidade na natação. Se o piloto brasileiro é capaz de tal aglutinação de sentimentos é a questão.

Por outro lado, o problema na F1 é que cada vez mais a característica de perversidade que sempre lhe foi inerente está de maneira contundente exposta após uma série de eventos significativos – pelo caráter negativo - nos últimos anos. A idolatria por Senna por vezes empanava esse aspecto, uma vez que grande parte da população brasileira se deliciava com suas vitórias, deixando de lado o esforço hercúleo que era necessário nos bastidores para se manter um mínimo de decência na disputa entre os pilotos.

Dessa forma, o raciocínio que tento apresentar hoje para vocês é o seguinte: a F1 é um ambiente profissional em que a competitividade extrema leva à convivência com as atitudes mais vis que um ser humano pode vir a ter. Alcançar conquistas sem se atropelar a ética – e que verbo mais apropriado este para o contexto do qual estamos tratando – parece, ao se olhar de maneira próxima, um desafio quase impossível.

Os nossos principais pilotos – Rubens Barrichelo e Felipe Massa - nos últimos anos têm, então, como característica central – e vejam aonde a inversão de valores pode nos levar – algo que pode ser visto como um defeito: buscam vencer decentemente num meio em que esta lógica não prevalece, infelizmente. Não é mera coincidência que os momentos de maior felicidade esportiva para Rubinho – à exceção da primeira vitória na F1, no Grande Prêmio (GP) da Alemanha no ano de 2000, pela Ferrari, que para qualquer piloto deve ser inesquecível – tenham sido quando ele esteve à parte de disputas diretas pelo campeonato, tendo a liberdade para desenvolver carros, como na época da Stewart e agora na Williams.

Os anos de Ferrari foram uma verdadeira tortura para ele, submetido ao jugo draconiano do heptacampeão Michael Schumacher e todo o seu favorecimento pela equipe italiana. A história começa a se repetir no relacionamento entre Massa e o espanhol Fernando Alonso. Dessa forma, talvez a melhor solução para o piloto brasileiro seria uma saída para uma equipe que tivesse outras ambições, tais como crescer paulatinamente utilizando-se do conhecimento de um profissional tarimbado como ele já o é.

Em meio a todo esse ambiente, a temporada se iniciou com um GP da Austrália decepcionante. Os mesmos protagonistas – Sebastian Vettel, da Red Bull Racing (RBR) em destaque – demonstraram que pouco se alterará em relação ao campeonato do ano passado, mesmo com mudanças tecnológicas de grande envergadura – somente quem acompanha automobilismo mais amiúde poderia compreender a diferença que faz mudar a marca de pneus e fazer com que a asa traseira se abra em determinados momentos de uma corrida. Não os aborrecerei com estes temas, dêem Graças à Deus!

Com isso, a promessa que se avizinha é de que teremos os Touros Vermelhos disparando na frente, e como Vettel apresenta-se como um talento muitas vezes superior ao seu companheiro de equipe, o australiano Mark Webber, dificilmente terá essa diferença retirada pelos demais competidores. Dessa forma, caso tenha a cabeça no lugar, e não cometa as mesmas bobagens que levaram a decisão do campeonato passado para última prova, o novo fenômeno germânico caminha a passos largos para o bicampeonato. E digo isso para vocês tendo visto apenas a primeira prova! Quanto aos brasileiros, infelizmente serão meros coadjuvantes mais uma vez. E isso para nós vai minando pouco a pouco até mesmo o interesse dos mais devotados em acompanhar corridas, pois seria algo como assistir à “Corrida Maluca” vendo o Dick Vigarista ganhar sempre – e não é que padecemos disso recentemente!?

No programa “Linha de Chegada”, do Sportv, exibido em reprise no dia 02 de Abril de 2011, pela manhã, com entrevista comandada pelo apresentador Reginaldo Leme – que também se demonstrou decepcionado com a primeira prova de 2011 – o piloto Tarso Marques, que já esteve em meados da década de 90 na categoria máxima do automobilismo, colocou exatamente que é difícil ver um campeão de F1 realmente “decente”. E nesta mesma ocasião foi enfatizado por ambos que Fernando Alonso é exatamente o perfil de “atropelador” da ética e decência, fazendo prevalecer sua vontade de vencer acima de tudo e de todos.

Fonte: http://www.barrichello.com.br/pt/historia/4-historia.html - acesso em 02 de Abril de 2011.