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quinta-feira, 14 de abril de 2011

ÁGAPE

Fui presenteado em meu último aniversário com o livro “Ágape”, escrito pelo Padre Marcelo Rossi e publicado pela Editora Globo em 2010. Em suas 125 páginas o pároco, que ficou conhecido por sua capacidade de evangelização via penetração da mídia, apresenta suas idéias sobre os principais pontos presentes no Evangelho escrito por São João. Ao final de cada capítulo complementa ainda com uma oração específica para o tema abordado.

Aqui cabe uma explicação para os menos afeitos aos escritos da Igreja Católica: os Evangelhos são textos escritos a múltiplas mãos:

A palavra Evangelho significa boa nova ou boa mensagem. Este termo designa os quatro primeiros livros do Novo Testamento que relatam a vida e os ensinamentos do encarnado Filho de Deus, Nosso Senhor Jesus Cristo - tudo o que fez para estabelecer uma vida reta e justa na terra e para salvar a humanidade pecadora. (...) o evangelho de São Mateus foi escrito primeiro e no máximo 50-60 anos depois do nascimento de Cristo. O evangelho de São Marcos e São Lucas foram escritos mais tarde, mas certamente antes da destruição de Jerusalém, ou seja, antes de 70 A.D. São João o Teólogo escreveu o seu evangelho depois dos outros e muito provavelmente no final do primeiro século, quando estava com mais de 90 anos. Algum tempo antes ele escreveu o Apocalipse ou o Livro da Revelação. Os Atos dos Apóstolos foram escritos logo após o evangelho de São Lucas e como indicado no prefácio, servem como continuação do evangelho de São Lucas. 
Fonte: http://www.fatheralexander.org/booklets/portuguese/bible6_p.htm - acessado em 20 de Fevereiro de 2011.

Feito este esclarecimento posso passar a como o livro me tocou e à qualidade de seu propósito – se foi ou não atingido. Em tempos os quais temos diversas dúvidas sobre como proceder em situações duvidosas, a doutrina Católica representa um refúgio e uma orientação para muitos. Eu mesmo tenho tido a oportunidade de manter contato mais próximo com diversos textos nessa linha, e posso dizer que muito do que hoje se proclama o mercado da “auto-ajuda” tem base nos preceitos construídos pelos religiosos.

Deve-se ressaltar, porém, que isto não é uma exclusividade da Igreja Católica. A maioria esmagadora das religiões segue princípios muito próximos, que pregam o amor e a ajuda ao próximo como as bases para um mundo melhor. Padre Marcelo Rossi em sua obra tenta justamente ressaltar tal ponto e o faz não somente com orações, mas também com exemplos e apresentação de histórias verídicas que reforçam esta postura. Um dos principais ensinamentos é que amar é uma ação, geradora do amor. Pode até parecer óbvio, mas não é. Amar uns aos outros, mesmo aos seus inimigos, é uma demonstração de fé na humanidade sem limites. Agradeço a outro pároco, Padre Marcelo Schelles, da Igreja de Nossa Senhora das Dores, no Ingá, por este esclarecimento. Em uma recente homilia este colocou claramente que ao pregar tal ato de bondade para com o outro, o ser humano é impingido a sair da posição cômoda de amar apenas aos seus para buscar a redenção dos seus inimigos. Somente trabalhando para que eles vejam o lado bom da vida será possível transformá-los como pessoas, aproximando-os do que consideramos ser o melhor para estabelecer o relacionamento forte, ético e altruísta entre todos.

Voltando ao livro em si, com esta filosofia em mente Padre Marcelo Rossi vai construindo o seu discurso e tocando os corações de todos, principalmente aqueles ansiosos por uma orientação para dar um rumo na própria vida. Ele apresenta seus pensamentos de maneira esquemática, simples até, para atuar sobre todo o tipo de leitor, tal qual um padre e seus sermões.

Hoje tenho certeza que muitas obras estão à frente, e espero eu estar em condições de conduzi-las. Apresento-os abaixo, então, um trecho do livro, na verdade, a transcrição de um poema da paz recitado por Madre Teresa de Calcutá, o qual foi citado pelo autor como exemplo de que o “objetivo tem de ser o cuidado, o respeito, a caridade com quem mais precisa” (pág. 20) e enaltecido pela minha mãe, que me chamou atenção para o mesmo. E lembre-se, muitas vezes a pessoa que mais precisa pode ser você mesmo:

“O dia mais belo? Hoje
A coisa mais fácil? Equivocar-se
O obstáculo maior? O medo
O erro maior? Abandonar-se
A raiz de todos os males? O egoísmo
A distração mais bela? O trabalho
A pior derrota? O desalento
Os melhores professores? As crianças
A primeira necessidade? Comunicar-se
O que mais faz feliz? Ser útil aos demais
O mistério maior? A morte
O pior defeito? O mau humor
A coisa mais perigosa? A mentira
O sentimento pior? O rancor
O presente mais belo? O perdão
O mais imprescindível? O lar
A estrada mais rápida? O caminho correto
A sensação mais grata? A paz interior
O resguardo mais eficaz? O sorriso
O melhor remédio? O otimismo
A maior satisfação? O dever cumprido
A força mais potente do mundo? A fé
As pessoas mais necessárias? Os pais
A coisa mais bela de todas? O amor.”

7 comentários:

  1. Não sou muito [ou melhor, nada] fã do Padre Marcelo Rossi, principalmente por conta de alguns posicionamentos políticos que já teve, inclusive na defesa dos valores mais conservadores da Igreja Católica. Vejo assim: a Igreja tem o direito de manifestar suas posições, e eu de me manifestar contra estas.
    Tudo bem, o livro parece ter um propósito louvável... talvez seja a força que está faltando para muitas pessoas darem um novo rumo à sua vida. Só tenho um pouco de pé atrás com líderes carismáticos (ainda mais religiosos...)

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  2. Leo, nesta semana fui presenteada com este livro e apesar de não ser católica, aceitei-o emocionada com o gesto de carinho da pessoa que o ofereceu a mim. Estou no início da leitura,mas o impressionante é que justamente este trecho destacado por ti, também tinha chamado muito minha atençao e eu pretendia divulgá-lo no meu faceebook.Acho que não importa a religião e sim os ensinamentos ou alento que cada crença traz... Enfim, o importante é buscar paz no coração, não importando os meios para isto!
    Legal a coincidência!!!

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  3. Amaury, no seu caso o que importa é o teor da mensagem. A palavra, uma vez solta, é livre para a interpretação, e se toca a outrem de maneira benéfica, cumpriu com um propósito louvável, como vc mesmo o disse. Dessa forma, abstraia o entorno e concentre-se na mensagem. Pode ser que daí alcance algo que seja útil, para ti ou para quem vc acha que precisa de uma palavra de alento.
    Iloana, fico tão feliz de ter um comentário teu aqui que quase estou sem palavras. Vamos em frente, a vida tem seus obstáculos, mas estamos aqui com o propósito de superá-los, esse é um dos preceitos religiosos que se enquadra em quaisquer crenças. Em resumo: para alguns o caminho mais longo, mas nem por isso intransponível, e a fé ajuda nesse sentido, quando imaginamos não ter mais nada em que nos apoiar! Keep walking, my fair lady! E valeu por sua presença!

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  4. Leopoldo, acho também que o que importa é o teor da mensagem. A Igreja, por ser humana, é obviamente falha, mas é também a Igreja de Madre Tereza, Irmã Dulce e tantos outros que pregam a paz, solidariedade e tolerância. Não sabia deste livro do Padre Marcelo, mas o seu texto me remeteu à Carta de São Tiago sobre a relação entre a fé e as obras. Aquela de nada vale sem estas. De nada vale professar uma fé se ela não se transmutar em ações para o próximo, em algum legado positivo para a humanidade. E este propósito transversaliza todas as religiões. Nosso Senhor Jesus Cristo foi antes de tudo um defensor do amor e da tolerância. O que de suas palavras fizeram (alguns) homens é outra coisa. Independentemente da sua condição de Filho de Deus, é seu exemplo de amor pela humanidade e pelos homens que deve ser sempre frisado.

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  5. Me desculpem, sou um chato... mas Deus mudou muito nos últimos séculos. Antes ele punia severamente, agora Ele aceita e ama tudo. Enfim...

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  6. Amaury, não diria que vc é chato, mas apenas cético. Quando eu e Carlos Maurício reforçamos o aspecto inerente à mensagem é porque temos a noção do mau uso que dela foi feito com o passar dos séculos. Eu diria para vc que até bem pouco tempo atrás eu estava à beira de me tornar um cético tb, mas nunca do seu nível, pois acho que no limite - quando o fim se aproxima - o ser humano busca acreditar em algo de qualquer forma. Mas umas experiências recentes reforçaram a minha fé.

    Em que pese isto, não vou buscar convencer ninguém do contrário, tal qual político, apenas com palavras. Tentarei pautar esta fé por atitudes, pois como bem salientou o Carlos Maurício, uma sem a outra não adianta de nada. Cristo - ou pelo menos, a filosofia exposta como tendo sido professada por ele através da Bíblia - é de grande valia para tentar termos um mundo melhor. Se seguíssemos os seus preceitos - concentre-se na mensagem! - talvez alguma coisa pudesse ser mudada.

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  7. Deus não mudou, mudamos nós. E mudaremos sempre, faz parte da nossa natureza.
    Quanto ao padre em questão, não gosto nada da maneira como ele transforma a missa em espetáculo - e não apenas ele.
    Aprendi a buscar na Bíblia ajuda para tentar entender a mim e ao mundo. É um livro difícil mas que faz a gente ver o mundo e as pessoas de uma perspectiva diferente.
    E é um livro de amor, e aí fica fácil entender minha declaração sobre o amor que assustou tanto alguns.

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