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quinta-feira, 12 de maio de 2011

O SÍMBOLO PERDIDO

Depois de dois megasucessos como “Anjos e Demônios” e “Código da Vinci”, seria tarefa difícil para Dan Brown retomar o personagem principal dos supracitados livros – Prof. Robert Langdon, interpretado no cinema pelo astro Tom Hanks – sem correr o risco de frustrar eventuais expectativas. Para tanto a saída óbvia seria a repetição de uma fórmula construída desde a primeira das três histórias.

Em “O Símbolo Perdido” – Ed. Sextante – Rio de Janeiro – 489 págs. – 2009, como nos livros anteriores o Prof. Langdon é acompanhado por uma bela amiga que o auxiliará na solução de um mistério que envolve símbolos enigmáticos escondidos. Estes se localizam desta feita em pontos turísticos da capital norte-americana, Washington, tendo sido ele levado ao centro de uma estória cheia de ação por meio de suas conexões no mundo acadêmico.

A grande diferença entre este terceiro livro em relação aos dois anteriores é que este, por ser ambientado totalmente nos Estados Unidos, traz a oportunidade para o autor de fazer loas, de maneira exagerada a meu ver, à capacidade daquele país de ser o centro de uma nova era do Iluminismo. É o velho chavão de que os EUA seriam não a “a polícia do mundo”, mas o baluarte, o país e o povo com a capacidade de conduzir o resto do planeta a um novo estágio evolutivo.

Este discurso grandiloqüente acaba sendo o pecado maior do livro. Se abstrairmos tal fato pode-se aproveitar o que a regra mágica acima apontada da ação + sensualidade implícita + mistério associado a símbolos que aos nossos olhos passam despercebidos e que somente o Prof. Langdon poderia decifrá-los, tal qual um Sherlock Holmes da era moderna, nos serve para envolver-nos na trama sem que tenhamos vontade de parar de ler antes do final.

O livro centra-se no mundo da Francomaçonaria:

“Historicamente, é impossível afirmar com certeza de onde vem a Franco-maçonaria. Ela aparece, quase subitamente, lá pelos fins do século XIV, mas todos estão de acordo em reconhecer que ela já existia antes dessa data”. (...) Seria ela uma “sociedade secreta iniciática que tem por finalidade proporcionar ao indivíduo os meios de assegurar sua evolução espiritual, mediante a ação de um trabalho coletivo”. (1)
A Franco-Maçonaria é uma autêntica instituição iniciadora porque transmite a verdadeira iniciação e traz, por meio de seus rituais e símbolos, o ensinamento das antigas escolas de mistérios, dos quais é depositária e herdeira. (2) – grifo nosso.

Talvez com o intuito de amenizar o tom marcadamente pró-norte-americano do livro assim o autor utiliza-se de ter como ambiente uma das sociedades que mais instigam a curiosidade dos leigos em todo o mundo – os chamados “Antigos Mistérios”, preservados pela Francomaçonaria, estão a todo momento presentes no texto. Ou seja, utiliza-se de um mote universal, que tem apelo a leitores de todo o mundo, para deixar passar uma mensagem por demais centrada em apenas uma única leitura da civilização ocidental.

De toda forma, conforme coloquei acima, é um livro que, deixadas a parte eventuais “filosofias”, preservou o segredo do sucesso dos dois anteriores. Assim sendo servirá certamente como distração para a maioria dos leitores. Isto é, em que pese o alongamento de seu final, piegas – quase como o discurso apresentado no filme “Independence Day” (1996), em que o Presidente norte-americano, Thomas J. Whitmore, interpretado por Bill Pullman, clama todos ao combate pelos Estados Unidos para salvação do planeta – e uma reviravolta mirabolante digna de 007 – que infelizmente não pode ser revelada – da qual se a estória fosse minimamente preservada teria tido um impacto maior sobre o público, o autor soube como continuar cativando e assim acrescentará, certamente, mais alguns zeros em sua conta bancária, roteiros para adaptação ao cinema, etc., afinal, the show must go on...

Fontes – acesso em 16 de Janeiro de 2011:



Um comentário:

  1. Continuo frustrado com um esforço tão bacana mas com tão pouco sendo dito, apesar de muito ser verdadeiramente pensado.

    E fica aqui novamente a ideia para esse voraz leitor, um sapiente pensador, porém econômico escritor - por vezes, é claro - para que prepare sua própria obra literária.Com toda a pompa e circunstância que merece.

    Saudações cordiais.

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