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sexta-feira, 22 de julho de 2011

AÉREO

Tive duas experiências distintas com a cidade de Buenos Aires: uma no inverno, em 2008, e outra no verão, agora recentemente, já em 2011. Ambas as ocasiões tive oportunidade de conhecer pontos turísticos da capital da Argentina: na primeira vez o Café Tortoni e o Obelisco – não posso dizer que conheci a Casa Rosada, uma vez que somente a vi por fora – além do obrigatório show de tango. Nesta segunda vez fui a Puerto Madero para ver com os meus próprios olhos o trabalho de recuperação de uma área antigamente degradada, sonho de 10 entre 10 cariocas para a sua própria área portuária.

Porém, desta última vez aconteceu algo que alguns de vocês poderiam me dizer que eu sou uma pessoa completamente desligada. Somente agora descobri que Buenos Aires possui dois aeroportos – Ezeiza, o mais conhecido e o principal hoje em dia, distante do centro da cidade, fator comprovado pela diferença na corrida de táxi – em torno de 120-150 pesos, e o Aeroparque, tal como se fora um Santos Dumont, mais próximo ao centro, margeando o Rio da Prata, cuja corrida custa em torno de 45-60 pesos.

Nesta segunda vez utilizei os serviços do Aeroparque. Tive relativa facilidade para realizar o câmbio, localizado logo após o free shop, assim como para contratar a corrida de táxi, cujos quiosques vêm logo na seqüencia. Também tive a oportunidade de voar pela Aerolíneas Argentinas. A julgar pelos comentários dos meus colegas de trabalho, que ao voar pela TAM foram agraciados com um filme durante o vôo – no caso “Comer, Rezar e Amar” (2010) – enquanto eu fiquei a ver navios (ou nuvens), ou melhor, a não ver nada. O pior é que no trecho de ida o banco não reclinava! Mas tudo bem, para quem acordou às 03h30 da madrugada, posição não foi dificuldade para dormir.

Devo confessar que ir à Argentina sempre me causa a sensação de estar pisando na terra do inimigo. Provavelmente isto deva ser debitado ao meu apego aos embates esportivos. Coincidentemente no meu retorno lá estava uma seleção Argentina de futebol das categorias inferiores – uma sub qualquer, creio que deve ser sub-17 – se preparando para embarcar. Olhava para eles e imaginava – “Lá estão mais alguns para nos infernizar”.

Agora se eu pensava isso, imaginem o que eles devem achar ao ver hordas de brasileiros invadirem a sua cidade mais querida. Para todo lugar que andava eram casais, famílias inteiras, grupo de amigos, que se reuniam para conhecer seus encantos. Tenho a impressão que se sentem incomodados, ainda mais pelo fato de que não podem prescindir de nossa presença em favor da movimentação de uma economia que não anda muito bem lá das pernas.

Um acontecimento pode retratar um pouco isto que vos relato: fui a um MacDonald’s para comer um lanche – já vejo alguns horrorizados falando “Mas e as cafeterias?” – que na hora do aperto sempre dá uma ajudinha para nos livrar da fome. Fiquei espantado, porém, pelo fato de que eles não servem milkshake na Argentina. A frase da atendente então foi sintomática: “Eu sei que é estranho, mas não é nosso hábito. Outros de vocês já falaram sobre isso conosco”. Perceberam, ela não falou “Outros brasileiros”, mas sim “Outros de vocês...”. O coração argentino sem dúvida é chegado a um tango!

Na primeira vez que fui aconteceu outro fato hilário. Chegando no hotel fui praticar meu espanhol na recepção. Enquanto isso, o recepcionista queria praticar o português dele comigo. E ficamos naquela cena meio non-sense, como se fora um filme de Buñuel, em que um brasileiro falava espanhol e um argentino falava português, ambos com certa dificuldade em se fazer entender.

Em meio ao  trajeto de retorno, agora em 2011, uma tormenta se aproximava e o motorista de táxi vaticinou categórico: “Tomara que vocês tenham sorte, pois normalmente fecham o aeroporto quando o tempo fica desse jeito”. O aeroporto não fechou, mas meu vôo atrasou duas horas, me fazendo dormir mal pela terceira noite seguida, uma vez que cheguei a minha casa somente às 03h00 da madrugada, com a sensação de alívio de quem chega a sua terra redobrada. Como doação aos argentinos deixei meu par de óculos, perdido numa corrida de táxi ao voltar de um jantar. Espero que dessa forma eles possam enxergar melhor que temos muito mais a ganhar juntos do que separados, mesmo que exista uma bola no meio!

Um comentário:

  1. Leo,
    Argentina não me atrai. Não trocaria as terras brasileiras por nenhum naco das argentinas. Porém, adorei a foto. Há nela duas coisas que adoro: cachorros e moto.

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