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sábado, 14 de janeiro de 2012

PERCY JACKSON E O LADRÃO DE RAIOS

Vamos deixar bem claro: eu não acredito em duendes. Aliás, eu estou muito mais para um adesivo que vi um dia estampado num carro: “Eu atropelo duendes”. Mas a minha paixão pelo cinema ultrapassa preconceitos, e creio mesmo que esta seja uma das principais serventias da sétima arte, a de derrubar barreiras.

Nesse sentido me vi curioso em assistir “Percy Jackson e o Ladrão de Raios” (2010). Não tinha a ilusão de que seria um filme que me satisfaria por completo, mas que poderia pelo menos cumprir com a máxima de que “cinema é a maior diversão”. O assisti ao final de uma segunda-feira de carnaval, afinal, para aqueles que me conhecem, já o sabem que não sou muito chegado aos festejos momescos, e a perspectiva de ter uma programação interessante na TV no mesmo horário do desfile das escolas de samba me dava um alento.

Outro fator que me chamou atenção foi a participação de Pierce Brosnan. Ator que já viveu o personagem James Bond no cinema, entre outros filmes interessantes – do qual me encantou particularmente o musical “Mamma Mia!” (2008) em que contracenou com Meryl Streep – acabou gerando uma expectativa positiva adicional. Infelizmente sua participação neste filme foi tremendamente apagada, num personagem por demais secundário. Como esta película promete ser apenas a primeira de uma série, esperemos que nos demais filmes sua participação cresça em importância e ele possa demonstrar suas qualidades enquanto artista, de maneira mais densa.

Retornando ao Percy Jackson. O filme efetivamente distrai, mas tanto quanto um bom filme da Sessão da Tarde. Não pagaria para assisti-lo na sala de cinema, e como o fiz no recesso do meu lar, relaxado, acho que cumpriu sua missão. Mas não mais do que isso. Porém ele tem um mérito particular que ultrapassa os demais filmes do gênero fantasia pré-adolescente (nos quais incluo os Harry Potter e Crônicas de Nárnia da vida): o fato de tratar da mitologia grega. Isto é, culturalmente ele se presta a atrair a atenção do público infanto-juvenil para um tema que normalmente não circula em suas rodas.

Mesmo a trilogia blockbuster “O Senhor dos Anéis” (1), iniciada em 2001, que tem como qualidade acender a chama para a obra de J.R.R. Tolkien, ou seja, também contribui para o crescimento cultural dos jovens – a obra de Tolkien é um clássico da literatura que teve sua primeira edição em 1954 – trata de mitos imaginários, gerados exclusivamente da mente de autores voltados para atender a um público específico. Quando falamos da mitologia grega, pelo contrário, estamos falando de aspectos que influenciaram toda uma geração da humanidade, e que tem reflexos na sociedade ocidental até hoje.

Deve-se ressaltar que a mitologia em si é o estudo dos símbolos e de sua representação para a sociedade. O mito ressalta determinados aspectos de nosso viver, facilitando nossa compreensão do todo. Quando tal sutileza se insere na religiosidade, temos uma força que se solidifica na fé gerada no seio de seus seguidores. Compreender a influência que determinados mitos tiveram no passado da civilização tal qual como a concebemos hoje em dia pode nos facilitar em nossa caminhada para sermos seres humanos melhores. E o cinema pode ser uma boa porta de entrada.

Essa centelha, plantada por filmes como Percy Jackson, acaba sendo sua verdadeira “mais valia”. Para tocar num único exemplo deste filme, de maneira leve ele já nos leva a avaliar a relação entre pais e filhos, tema recorrente da mitologia grega quando trata da convivência entre os deuses e seus rebentos com os meros mortais, dentre eles o mais famoso sendo Hércules (Percy Jackson, o personagem central, seria filho de Posseidon, o Deus dos Mares).

De toda forma, mesmo com este argumento, ainda não foi desta vez que fui cooptado pelo universo de seres mágicos. Continuo tendo preferência por um bom faroeste e pelos filmes de ficção científica, além de outros tantos em outros gêneros, mas que vêm baseados num roteiro que lhes sustente, acompanhados de um diretor que faça com que sua mensagem chegue na tela e nos toque de tal maneira que saiamos da sala escura envoltos em seu clima. Enfim, o raio não me atingiu, vai ver por ter sido roubado de Zeus, mote principal do filme. Quem sabe, então, numa próxima oportunidade sou encantado pelos mitos e suas fragilidades.

(1)    Sendo transparente: não vi nenhum Harry Potter em sua totalidade – apenas pequenos trechos; os filmes da trilogia “O Senhor dos Anéis” eu me recuso a ver enquanto não tiver lido o livro; e dos filmes de Nárnia, assisti somente o primeiro – “O Leão, a Feiticeira e o Guarda Roupa” (2006).

Leitura sugerida: “O Poder do Mito” – Bill Moyers entrevista Joseph Campbell – org. Betty Sue Flowers – Ed. Palas Atena – São Paulo – 1990 – 250 págs.

Fontes (acesso em 08/Mar/2011):

3 comentários:

  1. Escutei na rádio Tupi que Dedé -O Mito irá assumir o papel de protagonista no próximo filme. Saudações vascaínas - Guilherme.

    Obs.: Também assisti a todos estes filmes - Senhor dos Anéis(uma ode à perseverança homossexual,uma vez que o protagonista passa longos três filmes para conseguir queimar o anel), Nárnia e este Percy Jackson...todos medianos para fracos...mas de graça, em casa, sem p.n para fazer até que vale.

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    1. Escutar notícia na rádio Tupi, isso sim é um mito. Pensei que não existia mais, pelo menos no meio das pessoas que não são taxistas, faxineiras, etc.

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  2. Fala Léo.

    Gostei da sua review sobre o filme, mas alguns de seus argumentos sobre o estímulo para os garotos se interessarem por mitologia grega seria bem mais fortes se você não tivesse se baseado no filme que é apenas uma sombra (bem fraquinha) mas sim, do livro e da série de 5 que ele faz parte.
    A série passa por praticamente toda a mitologia, desde os principais deuses até seres e figuras como Calipso, As caçadoras de Ártemis, Cíclopes, Pégasus, Pan, Chronos e Atlas.

    O filme distorceu a história do livro homônimo de tal forma que acredito ter inviabilizado uma continuação.

    Se você quiser, me ofereço (comendo pizza com guaraná) como consultor para livros e filmes dessa linha pois além da saga completa do Percy, li todos do Harry Potter, Crônicas de Gelo e Fogo (Guerra dos Tronos), assim como os mestres Tolkien, Isaac Assimov e Arthur C. Clarke.

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