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quinta-feira, 23 de dezembro de 2010

ZEBRA EXISTE?

A recente vitória de um time da República Democrática do Congo – o Mazembe – sobre o todo poderoso Internacional de Porto Alegre, “vencedor de tudo” como gostam de dizer os colorados, foi aclamado por alguns como o maior vexame do futebol nacional e como uma zebra monumental. No que diz respeito ao vexame, levando-se em conta a polaridade de gostos no Rio Grande do Sul – ou se é Grêmio ou se é Inter – debito isto a certo exagero, uma vez que temos inúmeras outras histórias para relatar. Eu mesmo como flamenguista tenho algumas, infelizmente. Ou seja, o torcedor que não tiver um maracanazo nas costas que atire a primeira pedra. Mas torcedor é torcedor, e paixão não se discute, se tolera.

A questão que quero levantar com vocês hoje aqui diz respeito à segunda afirmação, ou melhor dizendo, a um aspecto da sentença de que este resultado teria sido uma zebra monumental. Pergunto-lhes: zebra existe, de fato? Pois lhes digo, para mim não, e já explico.

Na minha ótica o que existe é competência. E este meu corolário, digamos assim, pode ser confirmado ao extremo quando falamos de esportes. Se você enaltece sua equipe e todo o seu trabalho de preparação, esquece-se por vezes que o adversário tem as mesmas intenções e treina tanto quanto para atingir o seu objetivo.

Poder-se-ia argumentar então a questão do talento. Ah, mas o Internacional tinha muito mais talento que o Mazembe.... Tal afirmação tem um caráter relativo, uma vez que pela força do talento dos atacantes africanos eles conseguiram fazer dois gols no time gaúcho. Aí diriam: mas e as falhas dos zagueiros, que não bloquearam os chutes? E aí eu volto ao meu ponto inicial: competência.

Vou me ater apenas ao futebol no raciocínio que apresento a seguir, mas creio piamente que tal pensamento pode ser trasladado para todos os setores. O que existe é a seguinte equação: competência + estratégia bem aplicada = resultado efetivo = vitória. Falando de conceitos. Efetividade = eficiência + eficácia. Eficiência = trabalho bem feito. Pode ser lido como trabalho feito com competência. Eficácia = alcançar o resultado pretendido. Eu acrescentaria, com uma estratégia bem aplicada.

Voltando ao jogo o qual estamos utilizando como exemplo desta minha teoria. Ambos os times se prepararam fisicamente para enfrentar a peleja. Portanto no aspecto fôlego estavam igualados. Já afirmei que talento é um conceito relativo, ou subjetivo, isto é, depende do interlocutor, leia-se torcedor, o que sempre complica o diálogo. Ou seja, vamos “congelar” este dado. Resta-nos então avaliar a estratégia. O Mazembe propôs jogar no contra-ataque, neutralizando os ataques do Inter na medida do possível. Quando o time gaúcho ultrapassava a linha de zaga africana encontrava o competente goleiro Kidiaba (ô nome, um verdadeiro inferno para os atacantes!) impedindo a finalização em gol de seus atacantes.

Enquanto isso, no ataque, as poucas oportunidades que o time congolês teve efetivou-as em gol. Ou seja, pode-se dizer, racionalmente, que o Inter jogou melhor que o Mazembe? O time africano traçou sua estratégia, foi eficiente em sua aplicação e teve eficácia em obter os gols necessários para a sua vitória. A defesa foi melhor que o ataque, poder-se-ia pensar. Mas o ataque do Mazembe não foi melhor que a defesa do Inter?

Assim, deixemos os preconceitos de lado. O time africano mereceu a vitória, e esta não foi uma zebra, foi apenas o resultado de uma ação competente associada a uma estratégia bem aplicada. Mesmo no futebol temos outros exemplos mais longínquos, e para ficar em apenas um, vou citar a seleção da Argentina na Copa de 1990, que eliminou o Brasil no jogo em que este aplicou o seu melhor futebol, mas que não redundou em gol. A Argentina, que só tinha o Maradona – o que já era uma baita vantagem – jogava por uma bola, e foi o que teve. Ou seja, foi efetiva quando precisou. E mais, levou a Copa inteira ultrapassando adversários mais potentes na base das disputas de pênaltis, quando contava com a competência de Goycochea debaixo das traves. Apenas parou na final, quando os mestres da competência futebolística – a Alemanha – mostraram que daquele tipo de jogo eles entendiam mais.

Por último, para vocês não dizerem que eu sou um cético por natureza, como tudo na vida a sorte tem que acompanhar os vencedores. Assim, abro o meu conceito para incluí-la. O imponderável sempre ajudará, mas é impressionante como ajuda muito mais aqueles que trabalham duro, não?

14 comentários:

  1. Cada um de nós cre na filosofia que melhor os protege e, ao mesmo tempo, os fortalece.

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  2. Fala, Léo!

    O Inter teve o que mereceu! Há quatro anos o Abel montou uma tremendo ferrolho, meteu 11 jogadores na entrada da própria área e ficou 90 minutos se borrando de medo do Barcelona. Teve uma única chance, fez um gol muito do improvável e acabou se tornando campeão mundial. Agora foi a vez do troco. O time da República Democrática do Fim do Mundo não queria nada com o futebol, ficou lá atrás, dando bicuda para o alto, e mesmo assim meteu duas azeitonas no rabo do Renan. Até acho que zebra existe, mas nesse caso, particularmente, a única zebra que pastou por ali foi o Celso Roth. Competência do Mazembe ou incompetência do Inter? Fico coma segunda opção.
    Posso fazer uma sugestão para o blog? Já que você começou a escrever posts sobre animais, por que não prepara um texto sobre a Patrícia Amorim?

    Boas festas e feliz 2011!!!!

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  3. Mala,

    Sem dúvida o mundo seria menos engraçado sem você. Sentimos sua falta para as análises semanais da loteca! Quanto à Patrícia Amorim, fica para um outro post, como sugerido.

    Abs, e Boas Festas!

    Leop

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  4. Não acredito em zebras, mas que elas existem, existem...

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  5. Acho que rolou um sapato muito do alto pelo lado dos pampas. Pensaram apenas no confronto contra o xará italiano e deu no que deu! E se não tomassem a piaba do congolês tomariam de todo modo de um certo camaronês que só é pior que o Obina...hehehe!
    Ótimo post Léo! E gostei da sugestão do Mala. Um post sobre as prezepadas da ex-nadadora seria bem interessante.
    Abraços

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  6. Fala Léo,

    Acredito bastante nesse dizer: "A sorte não existe. Ela é o encontro da competência com a oportunidade".

    Acho que o mesmo pode se dizer de uma zebra, que na minha visão é quando um time considerado mais fraco têm uma oportunidade de jogar contra um time não tão bem preparado(física ou psicologicamente) naquele momento.

    Um abraço e um feliz Natal a todos os leitores do blog.

    Vitor

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  7. Quem é o anonimo?

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  8. O mesmo de sempre, Fernando, o mesmo de sempre!

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  9. No dia 23 de julho de 1964, a pequena Portuguesa de Gentil Cardoso enfrentaria o poderoso Vasco, pelo Campeonato Carioca, no Estádio das Laranjeiras, campo do Fluminense. “Se meu time vencer hoje vai ser como dar zebra na cabeça no jogo do bicho”, comparou Gentil, sabendo muito bem que a zebra não existe no jogo do bicho. Como a Portuguesa carioca acabou ganhando do Vasco naquele dia por 2 a 1, a expressão ficou para sempre.

    Então pelo que percebo a zebra é mais velha que todos aqui. Então não há como negar. Zebras existem, e vão sempre existir. E é nisso que está todo o diferencial do velho e rude esporte bretão !

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  10. Eu sempre desconfiei da sua idade, Sergio. - rs

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  11. O futebol só é futebol por causa destes resultados, impossíveis de imaginar em outras modalidades. Mas concordo que não foi uma zebra monumental, e sim resultado de um estratégia de jogo bem aplicada. Quanto aos Maracanazos, já vi meu Flu perder a Copa do Brasil para o Paulista de Jundiaí em pleno Estádio de São Januário. Pra que lembrar disso não?? rs

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  12. E não esqueça da LDU, Ardissone. Não esqueça da LDU...

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  13. Zebra não existe. Ela significa uma figura animal para um fato em que a explicação está lááááááááá tras ou em um emaranhado de acontecimentos.
    Isso vale para futebol e para a vida.

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  14. Acho curioso que seu texto, que no fundo nao me parece ser sobre o futebol, tenha recebido tantos comentários JUSTAMENTE sobre o futebol

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