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quarta-feira, 10 de agosto de 2011

ROBIN HOOD, DE RIDLEY SCOTT

Quando pensei em escrever este post sobre o filme “Robin Hood” (2010), estrelado por Russel Crowe, imaginei centrar minha atenção no peso do ator principal ao personagem que tantas vezes já fora retratado na telona. Porém algo me deteve, uma centelha dizendo que este filme contém a assinatura de um diretor. Todavia tal filme não teria alcançado nível que atingiu sem a presença de Crowe personificando o protagonista.

Dessa forma, após “Gladiador” (2000), primeiro filme de uma série de parcerias entre os dois, que veio a culminar agora com “Robin Hood”, reencontramos a força da palavra “épico” para designar uma película. Para mim, é fato: Robin Hood, após esta versão, não mais poderá ser contado de outra forma. Esta encontra-se para a estória do herói inglês tanto quanto “Batman – o Cavaleiro das Trevas” (2008) está para as edições anteriores do herói-morcego de Gotham City. A estória foi efetivamente reescrita, e para melhor.

O filme aponta para a origem da lenda de Robin Hood. Ou seja, explica como ele chegou à decisão de ser um bandoleiro que rouba dos ricos para dar para os pobres. Mas esse mote, que de tão piegas, associado à qualidade inata de comando de múltiplas personalidades – o que dizer de um bando que tem João Pequeno e Frei Tuck? – e sua extrema habilidade com o arco e a flecha, acabou por transformar o personagem quase em um emblema de conto de fadas – característica essa aumentada, sem dúvida, quando a estória foi ambientada pela Disney (1973), com direito a sua personificação com os famosos bichinhos da produtora norte-americana de desenhos animados.

Robin Hood, por Walt Disney

Com Crowe como protagonista e Scott no leme, seria difícil seguir esta receita de bolo – que por outro lado foi abraçada com gosto, por exemplo, por Kevin Costner, na versão lançada em 1991 e denominada “Robin Hood, o Príncipe dos Ladrões”. Dessa forma, são construídas cenas que lembram, por exemplo, as batalhas retratadas em “O Resgate do Soldado Ryan” (1998), filmado por Steven Spielberg, e que não por acaso aponta para um embate quando de uma tentativa de invasão pela praia – semelhanças muito sutis poderão ser observadas nessa seqüência em questão.

Passamos então a entender como Lady Marion, de Loxley, interpretada por Cate Blanchet, caiu de amores por Robin Hood. E como este tinha um dúbio caráter, típico dos seres humanos, e que antes não havia sido retratado de forma tão clara como no filme dirigido por Scott. Seu surgimento se deve, por exemplo, a uma tentativa de ludibriar as autoridades assumindo outra identidade com fins bem menos nobres, após ter escapado de uma punição imposta pelo Rei Ricardo Coração de Leão, que até então era tido como redentor do próprio Robin nas versões anteriores – haja vista a participação de Sean Connery no filme de 1991, estrelado por Costner, supracitado.

Sean Connery como Ricardo Coração de Leão no filme de 1991

Dessa forma, a realeza é exposta de maneira crua, apontando para as torpezas que a cercavam naquela época, assim como aquele lema de “viveram felizes para sempre” fica para um momento futuro, se é que realmente será alcançado. De todo modo, se fica uma mensagem – e todo filme tem uma – é a de que valores morais podem ser construídos mesmo em meio a uma engrenagem viciada e tendo como origem atitudes não tão "corretas". O ser humano é uma obra em eterna construção, e Robin Hood, de Ridley Scott, com Russel Crowe no papel título, demonstrou isso de maneira inequívoca.

Fontes acessadas em 22 de Abril de 2011:

4 comentários:

  1. Depois do deboche de Mel Brooks cantando 'men in tights' no Robin Hood filmado por ele, fica difícil não lembrar e rir.

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  2. Como disse pelo FB - Mel Brooks é um ícone, com toques chaplinianos.

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  3. Assisti o filme finalmente, Leo! Um filmaço, adorei. O fino gosto de Ridley Scott, até nos letreiros finais, foram um presente nessa minha noite de febre e dor de garganta. A coruja me fez lembrar de Blade Runner; seria a mesma?

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  4. Léo, gostei da sua leitura do filme. Temos mesmo no filme um "herói de carne e oosso" , sem idealismo exagerados. Apesar desta última versão se aproximar mais da verdade histórica - entre outras coisas, ao mostrar a morte do Rei Ricardo na volta das Cruzadas - o Robin Hood inesquecível e definitivo, para mim, continua sendo o de 1938, com Errol Flyn, Olivia de Havilland e Basil Rathbone. Apesar de ser de 1938, nada deve aos atuais filmes de aventura! Já viu? O de Kevin Costner é meio fraquinho, sem contar outras versões menos conhecidads como "Robin Hood - Príncipe dos Ladrões" com Patrick Bergin (o marido psicopata de Julia Robets em "Dormindo com o Inimigo")e Uma Thurman.

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