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sábado, 25 de fevereiro de 2012

QUEDA DE GIGANTES

Não devo negar que sou chegado a “novelas mexicanas”, alcunha construída no seio familiar para aquelas histórias longas, algumas vezes piegas, que tem muita fofoca e armações dos personagens uns contra os outros. Tal característica “colou” principalmente quando eu acompanhava “Barrados no Baile”, em sua primeira versão, que durou 10 temporadas (1990-2000) (1).

Feita esta colocação vocês vão entender um pouco melhor à conclusão que chego sobre o primeiro livro da nova trilogia, denominada “O Século”, do escritor Ken Follet – autor de “Pilares da Terra”, épico lançado a mais de 20 anos e até hoje um grande sucesso de vendas. Nesta nova trilogia, cujo “Queda de Gigantes” – 912 págs – Ed. Sextante – RJ – 2010 - é apenas o primeiro capítulo, o autor pretende acompanhar a saga de 5 diferentes famílias durante o transcorrer do século XX – mais “Dallas” impossível, apenas para citar mais uma série célebre da televisão, esta produzida entre 1978 e 1991 (2).

É claro, portanto, que no ato da compra do livro o que me instigou tenha sido justamente aquela minha faceta de espectador de “novelas mexicanas”, porque não dizer. Porém a obra em si demonstrou porque Follet já é um autor consagrado como produtor de Best Sellers. Ele consegue aliar a faceta “melodramática” – “Na Grã-Bretanha, o destino dos Williams, uma família de mineradores de Gales do Sul, acaba irremediavelmente ligado por amor e ódio ao dos aristocráticos Fitzherberts, proprietários da mina de carvão onde Billy Williams vai trabalhar aos 13 anos e donos da bela mansão em que sua irmã Ethel, é governanta” – com uma acurada pesquisa histórica, situando o primeiro ato em meio à Primeira Guerra Mundial.

Ou seja, além de ter o lado “popular”, “Queda de Gigantes” serve para instigar e introduzir, de maneira equilibrada, o leitor no universo de um dos mais importantes períodos da História, e que veio a pautar uma série de desdobramentos no decorrer do século passado. A preocupação mesmo com o equilíbrio e o respeito aos fatos, assim como o cruzamento dos acontecimentos entre fatos reais e fictícios, foi tão explícito que autor escreveu um pósfácio para explicar o seu método em termos de isenção – “Minha regra é: ou a cena de fato aconteceu, ou poderia ter acontecido; ou as palavras foram de fato usadas; ou poderiam ter sido. E, caso eu encontre algum motivo que impossibilite a cena de ter acontecido na vida real, ou as palavras de terem sido ditas – como, por exemplo, se o personagem estivesse em outro país na ocasião-, deixo a passagem de fora”.

Para terminar, devo dizer que outro mérito da obra é o de equilibrar as visões dos distintos lados envolvidos no conflito bélico, obviamente contextualizando em relação às suas realidades nacionais internas. Digo isto porque além da família britânica, temos russos, alemães e norte-americanos. E em cada um desses núcleos, diferentes opiniões são apresentadas a respeito do mérito ou não de se iniciar e desenvolver uma guerra (3).

Enfim, resta-me agora esperar pelos próximos capítulos. O segundo está previsto para este ano (2012), quando terá como pano de fundo a Grande Depressão e a Segunda Guerra Mundial, e o terceiro para 2014, ambientado durante a Guerra Fria. Mas isto não será difícil para quem já leu todos os seis livros de “Duna”, de Frank Herbert, os sete livros de “A Torre Negra”, de Stephen King, os quatro livros de “As Brumas de Avalon”, de Marion Zimmer Bradley, os dois volumes de “Musashi”, de Eiji Yoshikawa, e assim por diante...

(3)    Acredito que, de maneira menos profunda do que Clint Eastwood tenha feito em “Cartas de Iwo Jima” e “Conquista da Honra”, ambos de 2006, em que o diretor e produtor apresenta, respectivamente, a visão japonesa (inclusive no idioma original) e norte-americana sobre os combates na Segunda Guerra Mundial no Oceano Pacífico.

4 comentários:

  1. Leo, não sou chegada a novelas mexicanas, e o estilo do Ken Follet é bem este. Por isso, não li, nem vou ler. Porém, passei bem pelas Brumas de Avalon, Musashi, Duna, Harry Potter e outras tantas séries. Estarei aqui, lendo seus interessantes resumos.
    No momento me dedico a uma série de, por enquanto, dois volumes: 1808 e 1822. Brasil na veia. Muito interessante ver como viviam nossos antepassados e saber que pisamos diariamente (nos dias de semana, pelo menos) onde nossa história aconteceu.

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    1. Taí uma lacuna a ser preenchida em meu CV: 1808 e 1822. Até mesmo pq, competitivo como sou, determinados fatos os têm em sua estante.

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  2. Respostas
    1. Diria q não. Na dúvida, é melhor partir para esta empreitada.

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