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sábado, 4 de fevereiro de 2012

JOHN E O JACARÉ AMARELO

Sonhos são manifestações do inconsciente sobre temas os quais guardamos para nós mesmos, normalmente. Porém, para aqueles com alguma necessidade de interpretação – quer seja por curiosidade, quer seja por motivos profissionais – eles parecem sim ser algo muito doido em seus enredos. Na noite anterior em que escrevo estas linhas tive um daqueles, o qual passo a narrar:

Eu e minha esposa havíamos sido convidados para um final de semana prolongado na casa de veraneio de Susana, que ficava no litoral da Bahia. Chegando por lá na véspera do início do dito período, e como a anfitriã já tinha reservado outros quartos para outros hóspedes, pernoitamos na sala mesmo – imensa, com um sofá em L no canto. Muito chique, era de muito bom gosto, como é peculiar na minha amiga Desenhista Industrial.

No meio da noite ouço uma voz como a me convidar para jogar frescobol. Isso mesmo, bem no meio da sala. Ora, é um sonho, então tudo é possível. Passo a jogar com alguém que não aparece na penumbra do outro canto da sala. A bola vai e vem e tenho pleno domínio do jogo. Para alguém tão desastrado como eu, somente em sonho mesmo. Pergunto o nome da pessoa que está jogando comigo e ele se identifica como John Ritter.

Curiosamente Ritter é o sobrenome de família, por parte materna, do meu pai. Peço uma prova de que ele é realmente bom de mira. O porquê, sei lá. Ele atira duas flechas. Ambas saem do mesmo canto, na mesma penumbra, não dando para ver sua origem, e se alojam na mesinha de canto, no eixo do supracitado sofá em L.

Pela manhã, consulto Susana sobre a existência do tal John Ritter, o qual ela desconhece. Me traz então as regras da casa – algo como uma convenção de condomínio – para ver se ajuda na minha investigação. Me chama a atenção que o andar superior da casa é reservado para os empregados. Moderna e muito chique a minha amiga. Acho que ela tem a pretensão de distribuir iPads para todos da comunidade. Está esperando apenas um patrocinador, via Lei Rouanet.

Reclamo que aquele texto, conforme apresentado, estava muito “quadrado” no que diz respeito a sua apresentação, levando-se em conta o perfil de Susana. É o que os especialistas chamam “Efeito Moerbeck” – uma vez atingido este nível, não há como retroagir, sob o risco de virar chacota pública. Digo a ela com todas as letras: - “Susana, índice é coisa antiga. Vou lhe dizer como leio um texto, qualquer que seja: vou lendo; caso chegue a um ponto eu que eu acho ele chato – ‘boring’ – aí sim procuro o índice para ver se existe algo que se possa aproveitar naquela obra”. Acredito que eu tenha quisto dizer que escritor que se preze, se garante e não coloca índice.

Como aquele texto não adiantou nada para elucidar o mistério do fantasma Ritter, Susana chama por seu marido, que atende pela estranha alcunha de Olhento. Não sei a origem do nome, provavelmente deve ser holandesa. Não Susana, é um sonho, mas ele não tinha a cara do Brad Pitt. Tava mais para Francisco Cuoco – “dinheiro na mão é vendaval” – com bigodinho e óculos de grau. Ok Susana, eu sei que o Brad Pitt já fez personagens assim, mas definitivamente não era ele. Se contente com o Chico, ou melhor, o Olhento. Ah, ele não sabia nada sobre o tal de John.

Vou então passear próximo ao lago que fica dentro da propriedade, em frente à casa – já falei que Susana é muito rica, né!? Porém, uma força estranha me agarra e me joga para dentro do lago. E adivinhem: nele habita um jacaré amarelo!!!!!! Não é do papo amarelo, é amarelo mesmo! E com uma cauda bipartida. Pensei que iria virar comida de jacaré, sacanagem do John – só podia ter sido ele – me jogar dentro do lago! E o jacaré era imenso. Mas o cachorro de estimação da Susana salta no lago para lutar com o dito cujo. Consegue distraí-lo, mordendo e rosnando para a tal cauda. Não a dele, a do jacaré, a bipartida. Aí descubro que a cauda, em cada ponta, tem uma cabeça diferente!!!!! A cabeça do cachorro da Susana vira uma cabeça de leão!!!! Tudo muito louco, mas o que interessa é que consigo escapar.

Naquela noite tenho um sonho. É isto mesmo: um sonho dentro do sonho. Sonho que conheço um Padre, tipo do filme “Padre”, justiceiro que só (1)! Este padre tem uns super-heróis que ele carrega dentro da batina. Não são bonecos, são, sei lá, almas fortes para chuchu, com roupa de super-herói. Eles se prontificam a destruir o tal do John Ritter. Para isso o Padre decide ir por um caminho, no meio de uma floresta. Só que, como tava muito calor, ele decide que não é hora de liberar os amigos super-heróis. Guarda a batina e monta no cavalo – como se fosse um caubói – para ir atrás de um cortejo fúnebre. Este é composto por um carro com 4 cavaleiros, 2 de cada lado. O problema é que quando o padre tira a batina, ele fica só de cueca. Isso é lá jeito que se apresente um padre!!!! De cueca e chapéu de caubói!?

Pela manhã, quando acordo, conto este sonho para todos os convidados da casa. Todos riem e falam para deixar essa estória de John para lá. E a partir daí aproveitamos o fim de semana prolongado na Bahia.

Conclusões a que chego:

(a)    John Ritter é um pé no saco. E eu não conheço nenhum John Ritter;
(b)   Padre de cueca e chapéu de caubói só na Bahia mesmo;
(c)    Me amarro no cão de estimação da Susana;
(d)   Que diabos eu comi no dia anterior deste sonho???

(1)    O mundo foi devastado por uma guerra entre humanos e vampiros que durou séculos. Com o final do combate, um Padre Guerreiro foi forçado a viver escondido entre os cidadãos comuns em uma cidade completamente controlada pela Igreja. Mas tudo muda quando sua sobrinha é sequestrada por um grupo de sanguinários vampiros, que estão voltando a atacar após o breve período de paz. Contrariando as ordens da Igreja, o Padre parte em busca de sua familiar, contando com a ajuda do namorado da garota e de uma poderosa Padre Guerreira, especialista em combate”. Para mais detalhes ver http://www.interfilmes.com/filme_17191_priest.html . O filme é de 2011.

5 comentários:

  1. Leo, que honra ter sido uma grande protagonista no seu sonho e chique...amei! Sendo assim, posso dizer que foi muito maravilhoso hospedar você e a Fátima em casa. O Olhudo não pareceu bonito para você, porque você e homem. O cara é atrativo; é muito mais interessante do que ser obviamente bonito. Quanto ao meu cão, é de uma linhagem especial, herdei de alguém.
    Achei maravilhoso, quanta criatividade!
    beijos

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  2. Notei que você teve o bom gosto de mudar o layout da página para igual ao meu...rsrsrs
    Grande beijo, Leo.

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  3. Rapaz, isso é que é viagem, me imaginei num filme do Tim Burton com trilha sonora do Carlinhos Brown!

    Agora, ri mesmo foi quando não deveria: se eu fosse o John Ritter e ouvisse que o super-herói que vive sob a batina de um padre estava me perseguindo, eu iria correr, mas iria correr muuuuuito!

    Abs

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  4. Há sonhos que possuem indícios claros. Outros, que somente no todo podem ser interpretados. A fantasia, como tema, está presente em todo o sonho. Personagens transloucados, ação, aventura, mistério...a infância se manifesta!
    Abraços,
    Fernando

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