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sábado, 14 de abril de 2012

CRESCE O TURISMO, CRESCE O PERU

Temos diversos momentos em nossas vidas que descobrimos o quão importante são as amizades. Elas são geradoras de alegrias, por isso às vezes afirmamos que elas têm como característica de nascimento o aspecto da escolha. Escolhemos os nossos amigos, os identificamos por afinidades. Estas reforçam os laços com o passar do tempo. Podemos errar, é claro, afinal somos humanos e o engano está sempre à espreita. Mas essas são exceções, Graças a Deus. O maior volume neste aspecto é de acertos do que de erros – por isso as decepções, quando surgem, marcam tanto e são avassaladoras em nosso ânimo.

Um sintoma de que estamos no caminho certo é a risada. Quando encontramos alguém com quem temos sintonia, o riso é uma constante no diálogo. Pode ser o riso contido, do cinismo e do humor tipicamente britânico bem colocado, assim como, no outro extremo, pode ser a gargalhada escancarada, que nos contorce até não podermos mais.

Nesse contexto, tudo vira uma piada. A cada deslize, a cada ato falho, nos vemos propensos a gozar com a cara uns dos outros, sem medo de estarmos sendo infelizes ou maltratando. Pois a pessoa que recebe – ou é alvo da piada – sabe que na próxima esquina poderá encontrar sua oportunidade, devolver na mesma moeda, e tudo terminar por isso mesmo, em boas risadas de ambos os lados.

Tenho uma frase que repito rotineiramente. Quando percebo que alguém do meu círculo está na berlinda, e que fraqueja a ponto de quase se incomodar com a situação, alerto: - “Meu caro, sicrano faz isso contigo porque gosta de ti. Se não gostasse, nem olhava na sua cara, não falava contigo”. Essa é a mais pura verdade, pelo menos para aqueles que não são hipócritas. Evitar o que te incomoda é a reação natural do ser humano. Não somos propensos a nos flajelar. Preferimos ignorar o ser ignóbil que nos ronda com sua maldade genuína e com a inveja encruada. Partimos sim para festejar os nossos, que falam o mesmo idioma, que têm os mesmos parâmetros de vida.

Recentemente fiz uma viagem de trabalho ao Peru. No dito de um diplomata, “o país da piada feita”, pelo menos para os brasileiros. Nessa ocasião fui acompanhado de dois grandes amigos, colegas de trabalho de primeira hora, lutadores pelos interesses de nosso país. Traços em comum, temos a ansiedade, característica que fica bem clara na forma de nos expressarmos – falando muito rapidamente, os três, forçando aos demais interlocutores a seguirem os nossos ritmos. Mas, uma cena indica claramente o grau de afinidade que atingimos.

Caminhávamos, após um jantar bem descontraído, com outros representantes sul-americanos. Ríamos a valer, de tudo e de todos, cada situação gerando uma tirada. Quando já não agüentava, no bom sentido, ver nossa alegria, uma amiga uruguaia questiona a um colega argentino:

- “Mas que tanto esses três riem?”
- “Não sei. Só sei que a todo momento em que os encontro estão a rir, uns da cara dos outros! O que os brasileiros têm para serem desta forma, não sei!”

Confesso que lembrei de uma piada, que tinha ouvido tempos atrás, em que estrangeiros questionavam porque os americanos riam tanto dos seus sitcoms sem graça. A resposta era: - “Também com a moeda que possuem...”.

Não diria que este é o nosso caso. Nossa alma foi recheada de uma miscigenação – índio, negros e europeus – que poderia ter nos influenciado em sermos mais flexíveis nas diferentes situações, sempre encontrando uma brecha para rir até mesmo de nós próprios. Mas, sinceramente, prefiro acreditar, nesse caso, na especificidade de cada ser humano. Somos únicos, e quando encontramos um ser semelhante, em que pese a nossa distinção, nos regozijamos com o prazer que isso dá a nossa alma. Nada mais pode nos perturbar, nem mesmo uma jacuzzi mal explicada. Diríamos que assim como o que vem de baixo não nos atinge, um banho turco mal colocado pode causar estragos sérios. Afinal, cresce o turismo, cresce o Peru, e cresce uma amizade que promete ser para sempre, baseada em boas lembranças. E em enigmas que somente os que viveram sabem. O que aconteceu no Peru, fica no Peru, e tenho dito!

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