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segunda-feira, 23 de abril de 2012

CURIOCIUDADES

O conceito de Pátria adquiriu, com o passar dos anos, ora um verniz exagerado, ora romântico, e por vezes realista – pelo menos para aqueles que querem prezar por um certo distanciamento. Existem também aquelas pessoas que se enquadram em cada um desses tipos em determinado momento ou ocasião.

Eu diria que sou daqueles que procura sempre enaltecer o fato de ser brasileiro, a despeito das mazelas de nossa sociedade. Sou consciente delas, procuro minimizá-las trabalhando por isso no meu dia a dia como ser humano. Tenho também a noção de que não posso salvar o Brasil, que dirá o mundo, mas tento tomar pequenas atitudes que podem fazer a diferença ao final.

Porém, voltando ao tema macro por mim abordado ao início – saindo assim dessa percepção microscópica que é o direito de cada um em como lidar com sua noção de cidadão e cidadania – me vi presenteado recentemente por uma obra que exemplifica o amor que podemos ter por nosso país, pelos nossos conterrâneos, e tratá-lo de maneira singela, sem os arroubos dos discursos inflados.

Esta obra é o livro “Curiociudades – La Patria Encontrada” – Nora Iniesta – 56 págs. – Patricia Rizzo Ed. – 2011 – Buenos Aires. Trata-se da tentativa da autora, uma artista plástica argentina, de buscar através da identificação no cotidiano das cores azul e branco – não por acaso cores da bandeira de nosso país vizinho – o sentimento que evoca lembranças e o apego, amor, ao solo em que nasceu e aos seus co-irmãos.

Por onde quer que passa-se, o registro das cores azul e branco era feito. Podia ser uma composição de nuvens tendo ao fundo um céu azul, como poderia ser uma bola com seus gomos bicolores. Um guarda-sol entremeado das duas cores, ou então uma gôndola em Veneza na Itália. Não importa o lugar, não importa o momento, a Argentina está sempre com ela.

Dessa forma, sutil e suave, Iniesta traz consigo o calor de sua gente. Dessa mesma forma tento eu, ao viajar para o exterior, ter sempre as cores verde e amarela, ou alguma identificação com nosso Brasil. Já me serviu para atrair, inclusive, olhares de benfazejo de estrangeiros, pessoas que associam o povo brasileiro ao calor humano.

Por sua vez vocês poderiam me perguntar se não existe o risco de um dissabor, de pensarem que sou um expatriado que tento me inserir na sociedade alheia não respeitando seus regulamentos. Poderia correr o risco, por exemplo, de ser barrado na alfândega espanhola... Meus caros, nada disso me importa ou impede a minha composição verde-amarela. Tenho orgulho de nosso país, tenho orgulho de trabalhar pela nossa comunidade, seja voluntariamente, seja como servidor público. E isso continua a me mover, a fazer com que eu caminhe para frente, rumo aos meus objetivos.

O interessante foi que já recebi críticas por conta disso. Algumas vezes já tentaram me apontar o fato de que numa economia globalizada não existem fronteiras, que o que conta na verdade é o interesse das multinacionais. Não sou indiferente a essa abordagem econômica, porém entendo que se formos inteligentes, reforçaremos os nossos laços internos sem nos isolarmos do restante do mundo. Somente nos identificaremos como brasileiros se tivermos o outro para nos comparar, para nos olhar. Eu só me entendo como tal quando vejo como sou distinto em relação ao alemão, por exemplo – grosso modo, é este mesmo sentimento que carrego quando me vejo como niteroiense em relação aos cariocas.

Pensando desta forma, deste modo um tanto quanto provinciano, me fortaleço para lutar pelo que imagino ser correto pela comunidade a qual pertenço e que por vezes represento. Pátria não significa ser de esquerda ou de direita. Significa simplesmente amar o seu semelhante que divide contigo o fato de ser brasileiro, respeitando os seus direitos e cumprindo com os seus deveres. Sejamos fortes, sejamos bravos, sejamos gente de bem, sejamos, enfim, do Brasil!

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