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domingo, 29 de abril de 2012

O PEQUENO TRAIDOR

Amizade. A verdadeira é algo difícil de ser encontrado. A identificamos claramente nos momentos de dificuldade. O filme “O Pequeno Traidor” (2008), que tem Alfred Molina no papel de protagonista se presta a esta mensagem, assim como serve para chamar a atenção para um fato histórico pouco comentado.

Molina é um grande ator. Chego a esta conclusão tendo acompanhado poucos filmes do mesmo – pelo menos é essa impressão que tenho, pois somente me vem à mente seu papel de vilão em “Homem Aranha 2” (2004), quando fez o Dr. Octopus. E o que é o ator senão um profissional que vive de papéis marcantes na mente dos espectadores? Mas existe outro critério, aquele que foi criado por James Dean (1): atores que marcam por poucas atuações, mas memoráveis. Ou seja, não necessariamente a quantidade se reflete na qualidade. E mesmo assim eu corro o risco de estar sendo leviano com Molina.

Voltando a questão da amizade. Esta é exposta no filme a que me refiro em meio ao clima de animosidade existente entre os judeus e os ingleses na Palestina. Aquele território era então, por uma determinação das Nações Unidas, um protetorado da Inglaterra enquanto não se dava um destino específico para aquela região (2). A orientação era evitar uma imigração em massa para uma localidade tão cheia de problemas e em dúvida sobre o seu futuro. Tal fato levava a repressão pelos britânicos à chegada de imigrantes judeus ilegais, de cuja família o menino Proffy Liebowitz, interpretado por Ido Port, era uma das acolhedoras dentro da comunidade judaica.

Ora, Molina interpretou neste filme o papel de um sargento do exército britânico. Este, a partir do momento em que encontra Proffy nas ruas, fora do horário estabelecido pelo toque de recolher, inicia uma troca de idéias com aquele menino que anteriormente via os ingleses apenas como inimigos. Daí floresce uma amizade sincera, como somente as crianças parecem preservar a capacidade hoje em dia.

Uma das grandes contribuições do cinema é a sua capacidade de nos fazer refletir. Quantas vezes não saí de um filme arrepiado, pensando naquela estória que acabara de me ser contada. Por um breve momento, me sentia capaz de enfrentar o mundo, ou então olhava para as minhas conquistas particulares com outros olhos. O sentimento trazido por este filme é de paz e alegria, pois se você tem um amigo verdadeiro, você tem um mundo inteiro para explorar e crescer.

(1)     James Dean – ator norte-americano de grande sucesso na década de 50 do século passado que morreu precocemente, tendo sido protagonista em três filmes apenas - Vidas Amargas (1955), Juventude Transviada (1955) e Assim Caminha a Humanidade (1956).
(2)     “Pelos acordos de San Remo (1918), a Sociedade das Nações confiou à Grã-Bretanha, em 1922, um mandato sobre a Palestina (com exceção da Transjordânia). Esse mandato estipulava ‘o estabelecimento na Palestina de um lar nacional para o povo judeu’, provocando revoltas árabes (1920, 1921, 1929) e a guerrilha de 1936-1939. Durante a II Guerra Mundial o movimento sionista favoreceu a imigração clandestina e a compra de terras, ao passo que as organizações armadas (Irgun, Stern) recorriam ao terrorismo anti-britânico. Em 1947 a ONU decidiu uma partilha da Palestina em um Estado judeu e um Estado árabe. Essa partilha foi aceita pelos sionistas e rejeitada pelos árabes”. Este é o ambiente do período coberto pelo filme.

Fontes:

http://www.imdb.com/name/nm0000547/ - acessado em 17/09/2011;
Grande Enciclopédia Larrousse-Nova Cultural – 1995-98 – págs. 1776/7 e 4400.

Um comentário:

  1. Gosto muito também do Alfred Molina, Leopoldo. Não sei se teve a oportunidade de assistí-lo em "Chocolate" e em "Educação". Os dois, principalmente, o segundo, são grandes filmes. Quanto à temática, fiquei muito curioso de assistir o filme. Já viu 'Exodus' com Paul Newman? Se passa na mesma época. Abs!

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