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quarta-feira, 27 de junho de 2012

QUITO

O turismo histórico, aquele que baseia seu sucesso na visita de uma leva de curiosos a ruínas, museus, cidades antigas, etc, tem distintas vertentes se olhados para os diferentes continentes. Na Ásia faz sucesso o Palácio do Imperador na China, assim como a Grande Muralha, reflexos de tempos idos que parecem querer voltar, quando aquele país dominava grande parte do mundo.

No Japão, por sua vez, pouco se fala das relíquias históricas, sendo a única exceção um ser humano, o próprio Imperador. Seria como se todo o país tivesse parado no tempo quando as bombas atômicas de Hiroshima e Nagasaki assombraram o mundo. Quando se fala em história no Japão, este seria o marco zero, o da retomada. Talvez o cineasta Akira Kurosawa negasse isso, mas aos olhos do mundo moderno de hoje, Japão é sinônimo de tecnologia – pelo menos é o que os turistas buscam primeiro ao pisar na terra do Sol Nascente.

Quando nos dirigimos para a Europa, existe todo um circuito financeiro pautado pelo interesse turístico em torno de castelos, museus, da cultura de seus antigos escritores, reis e cientistas. Seria como se a Europa, organizada como é, tivesse conseguido o feito de bem catalogar suas qualidades, potencializando sua divulgação. Um exemplo disso é a bela Paris turística, que tem seus méritos na Torre Eiffel e no Louvre, mas que passa ao largo dos subúrbios cheios de imigrantes e das mazelas do desemprego.

Obviamente o intuito de chocar é explícito nesta colocação, mesmo que não esteja distante da verdade, uma vez que este autor se aproveita do símbolo máximo, da créme de la creme, como diriam os próprios franceses, que a Europa tem a nos oferecer. Se bem que eu, particularmente, salvo infortúnios na alfândega, acho que irei preferir a Espanha, quando tiver a oportunidade de conhecer os dois países.

Este já longuíssimo prólogo é para bem contextualizar meus sentimentos para com Quito, capital do Equador, a qual tive oportunidade de visitar, profissionalmente, por duas vezes nos últimos 3 anos. Quando pensamos no estereótipo de uma cidade andina imaginamos os representantes da cultura inca, maia e asteca – e aqui posso estar falando uma grande bobagem geográfica, pelo pouco conhecimento que possuo sobre a matéria, o que de uma certa forma não deixa de representar a típica soberba do turista que se acha culto – se esbaldando pelas ruas, a importunar os estrangeiros, como pedintes ou para vender os apitos típicos da Praça XV no Rio de Janeiro.

À parte a gigantesca profusão de Igrejas, que faz com que Quito, em seu Centro histórico nos lembre demais Salvador, na Bahia, nada tão longe de uma cidade multifacetada. Quito possui parques arborizados, ótimos para se manter a forma, isso para quem consegue correr com o ar rarefeito de lá. Na sua parte moderna, a cidade apresenta um casario de grande beleza, assim como prédios que não ficam a dever a nenhuma metrópole.

Da mesma forma, porém, que Paris, isso não dá para esconder os rincões de pobreza existentes em seu entorno. E é engraçado fazer essa comparação. Porque o que será tão globalizado quanto a desigualdade social hoje em dia existente em todo o mundo? Não importa o nível de desenvolvimento da sociedade, salvo, talvez, raras exceções escandinavas, mas todos os países possuem seus pobres, parcela da população que muitas vezes fica escondida aos nossos olhos deslumbrados por estarmos fora de nosso país.

Quito, como a maioria das cidades latino-americanas, tem, pelo menos, esta qualidade: a sinceridade em não esconder o seu povo. Enquanto isso, na Europa, discursos direitistas pregam o isolacionismo dos seus em relação aos bárbaros. Meu Deus, as letras, o que as letras nos fazem! Imaginei eu em escrever sobre Quito, inicio falando de História, faço um libelo contra a desigualdade de sentimentos entre os povos, para então retornar, encerrando com a lembrança de que todos nós temos um pé na cozinha, quer seja uma cozinha dos vikings, ou de uma taba, ou de uma pequena aldeia na África! Viva Quito!

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